Meus 15 anos de Balonismo

Por Carla P. Horn

 Lá se vão quase 15 anos da primeira vez que vi um balão de ar quente ao vivo. Desde então minha vida tem sido norteada por estas coisas maravilhosas, este esporte de aventura. Muitas vezes estou completamente dentro; outras, muito distante e com vontade de esquecer. Mas como esquecer algo que me fascina desde pequena???
TUDO COMEÇOU ASSIM…
A história toda começou quando vi em uma revista uma propaganda de Jeans da ONIX , havia duas pessoas apontando para um balão no céu. Lembro como se fosse hoje recortei-o e colei em minha parede. Para não ficar sozinho, desenhei outros e enfeitei o quarto que dividia com meu irmão, em 1978, por ai… O desejo era que um dia eu visse e quem sabe voasse naquela coisa encantadora. E foi assim, em 1995, a primeira vez que consegui vir a Torres, para ver BALÃO… E vi, me encantei, me apaixonei de verdade. Mesmo da cerca, madrugávamos para acompanhar o evento, fotografamos, torcemos e nos encantamos. Até uma garrafa havia no ar. Night Glow na praia. E eu chorava feito criança… Adorava ficar rodando pela cidade e ver em frente aos hotéis a movimentação das caminhonetes adesivadas, pilotos e equipes uniformizados eu poderia ficar o tempo inteiro só observando isso. 
Ali abril de 1995, fui mordida realmente pelo bicho balonismo… Desde então não perdi um ano do festival de Torres, mas nem sempre as coisas foram tão alegres. Deslumbrada com tudo, voltava a nossa cidade e retornávamos no próximo ano com mais pessoas, carros cheios pra se encantarem também. Mas, ficar apenas olhando não me satisfazia mais, no ano seguinte, 1996, seguíamos as caminhonetes para ver onde iriam pousar, pelo menos até um pedaço do caminho.
Em 1997, lá estávamos de novo, encantados com os balões de forma ou special shapes: palhaço, garrafa, balde de champanhe, que coisa mais fascinante. Lágrimas e emoção, maravilha no belíssimo céu de Torres, apesar da chuva, para eu ver por alguns instantes um balão no ar, acompanhá-lo no voo solitário ou coletivo, não tinha preço. Ia embora contando os dias novamente, 365, precisamente, para retornar a Torres e quem sabe ter coragem para aproximar-me de alguém e conversar sobre balonismo. Nesta época já pesquisava sobre o assunto, sabia o nome das provas e alguns pilotos que pra mim eram as estrelas.
Em 1998 conversei a primeira vez com um piloto… Uau! Segui um balão e ele foi passando pela cidade, mas não seguiu na direção dos outros, ele lentamente foi descendo e descendo e pousou no pátio de uma casa, após acompanhar o feito conversei com o piloto Aquilino, que posteriormente, no parque deu-me seu cartão, veio na cerca conversar e alcançar uns adesivos. Nesta ocasião havia trazido meus pais para encantarem-se com o esporte. 
Em 1999 a chuva novamente atrapalhou um pouco, mas a caixinha de salgadinho voando no parque, ganhou o evento, registrada pela filmadora comprada exclusivamente para documentar a beleza e o espetáculo dos balões em Torres. 2000 e o evento firmando-se cada vez mais. Expectativa, ajeitar as férias pra semana do evento e divulgá-lo da forma que nos era possível. Passava tempo na internet lendo, procurando contatos e tudo que fosse relativo ao balonismo. Foi um ano muito triste porque nem a compra do celular garantiu meu vôo, frustrando -me, magoando-me profundamente.
Decidi esquecer o balonismo, o que não aconteceu, pois, em 2001, ao ver a propaganda e programação para o XIII Festival e recordar as coisas boas, não resisti. Resolvi tentar contatar outras pessoas. Mandei um e-mail para várias pessoas do meio, mas sem resultado para vôo ou acesso. Em 2002, foi finalmente ou inicialmente o MEU ANO no balonismo. Vim a Torres em fevereiro, especialmente para fazer o vôo, aquele devido pela compra do celular e voei… Fiquei em silêncio, curtindo a distância da terra para o cesto. Sentindo aquele friozinho na barriga, emocionada. O vento nos levou para as dunas mas passamos pelo castelinho e acabamos pousando levemente numa fazenda atrás da estrada do Mar. Não teve batismo, nem comemoração… Todo mundo esperava mais?? Realmente, inclusive eu. Muitas pessoas felizes por mim, principalmente a população que frequentava a locadora que tinha, pois não parava de mostrar o vídeo.
Contei semanas, dias e horas e chegamos para a 14ª Festival de balonismo de Torres – 1ª COPA MERCOSUL DE BALONISMO, novamente com meus pais, na tarde de 30 de abril de 2002, para mais um evento. Na cerca, briefing, todo mundo chegando, caminhonetes e conheci o Luiz Paulo G Asis. Participei do coquetel na ABB, foi maravilhoso, ver aqueles que eram as maiores estrelas pra mim, Sacha, Flamarion, Fabio Passos, Rubens, e estar ali no meio deles, rindo, conversando. Quanta ingenuidade e inocência!!! O Baica, o Ac (hoje piloto de passageiros) faziam parte da equipe do Luiz Paulo. Ahhhhhh minha 1ª e amada credencial, voo, equipe de resgate, carreata, night glow, tudo bom demais , tudo que sonhei por tatos anos. Nunca vou conseguir agradecer o suficiente este piloto, único, que acreditou no meu sonho de infância.
 A PARTIR DAÍ SOMENTE BALONISMO…
Quem me dera… 2003, muitas reviravoltas na vida, novamente na cerca… Conversei um pouquinho com o Fernando H, acompanhei o seu Mario Pierre e meninos e o Aquilino sempre por trás das Câmeras. Para não passar completamente em branco fiz algumas fotos e filmagens e ainda tirei uma foto na caminhonete do Flamarion, que estava com a família. Estava mais interessada em mostrar para novas pessoas a grandeza do evento e nem senti tanto não estar ali dentro daquele circo, até porque os pilotos que eu mais conhecia não estavam.
E chega 2004. Fiz equipe com o amado amigo Luiz Paulo e o Xuxa e o Diego. Choveu muito, o Parque era um lodo só, no último dia somente de galochas. Algumas provas canceladas, balão voando na chuva e muito papo no hotel. Pegamos a carreata no finalzinho sem Night Glow .Tudo de bom estar novamente no meio, mas não ia no briefing achava que não era permitido… Preferia recolher-me a minha insignificância.
Comecei a pensar seriamente em ir pra outros eventos de balonismo. Queria conhecer como era em outros lugares, visto que todo mundo sempre falava que aqui em Torres, é muito bom, é uma festa. Foi o que fiz em 2005. Vim uma semana antes do evento para fazer um concurso na área da Didática e dessa vez me incomodou muito ficar na
cerca novamente. É tão ruim depois que tu estás lá dentro, ficar lá excluída, só olhando e se emocionando, principalmente com o Nigth Glow, agora no Parque. Mas no final do ano fui a Maringá no festival de Natal!
Felicidade total em 2006. Juntos, eu o Murilo o Fi e o Lucas, uma equipe. Nos preparamos com camisetas e moletons, adesivos enviamos textos pro Inema. Chegado o dia, madrugamos no Parque. Adquirindo a confiança do Bruno, trabalhamos com os franceses: Olivier, Jean Pierre Girard e Jean Paul. Experiência única, maravilhosa, pois sem falar uma palavra em francês e arranhando no Inglês fizemos um excelente trabalho, nos divertimos muito.
Contando os dias, chegou o nosso festival de 2007. Ufa, uns dia antes do Festival, o Alexandre já estava por aqui fazendo vôos. A felicidade se completa quando o caminhão amarelo do Jarrão aparece na cidade, depois encontramos o Toninho e o Osvaldo. Aí significa que tudo vai realmente começar….
Sempre acreditei ser fundamental que a população se envolvesse mais com o evento, e, dessa forma, envolvi a escola também. Levei os franceses para palestrar na escola e foi excelente. É uma honra receber convidados ilustres e saber tantas informações a respeito do balonismo além Torres. Eles foram especiais, o Jean Alan falava um pouco de espanhol e facilitou muito. Deram explicações precisas utilizando até o quadro e desenhos. Estava emocionada com a prontidão deles. Jamais teria como agradecer, mas ainda tinha muito mais felicidades por vir. Equipe fantástica sincronismo e um vôo maravilhoso acompanhada por mais de 30 balões, sobre a minha casa, agora adquirida na cidade do balonismo!
Depois das despedidas e presentes é árduo voltar ao normal, nunca me convenci disso… Circular na cidade e não ver mais as caminhonetes, não ter que madrugar às 5h e ver o dia amanhecendo, correr atrás de balão, rever os amigos… Todo mundo vai embora, ainda ajudamos a colocar os equipamentos no caminhão pra despachar, uma tristeza só. Milhares de vezes tive vontade de seguir junto com quem quer que fosse. 
Começar tudo de novo em outra cidade, montar o balão, encantar as pessoas, maravilhar-se com o prazer deste esporte “aventura”, que é como o ar que respiro, mas ainda não é minha vez. E por alguns dias fico introspectiva, quieta, curtindo uma melancolia, esperando um novo evento, um convite algo assim. E apareceu o Campeonato Brasileiro – Jogo Rota da Natureza – Fraiburgo e Treze Tílias/SC. Estavam necessitando de observers e lá fomos nós. Foi uma grande experiência, diferente de tudo, responsabilidade enorme!
Em 2008 fui a Caxias do Sul, na Festa da Uva, e depois a expectativa do 20º Festival. Levei uma pilota na escola pra contar suas experiências: a Maria Conceição do RJ. Fizemos novamente equipe com os franceses, com pouso emocionante no Jacaré. Já 2009 foi um ano de muitas histórias e contatos pra contar pro novo amigo do Blog, Ricardo, que vivia a grande expectativa da sua 1ª vez no balonismo. Após ir pra Blumenau/SC e Telemaco Borba/PR pros eventos, hospedei honradamente por uma noite um piloto de São Paulo e equipe em casa. 
Este ano de 2009 foi atípico. No Festival de Torres fiquei somente no Parque. Por doença de terceiros não pude fazer equipe, mas auxiliei alguns resgates, assessorando em tudo o que fosse possível. Lindo demais, tudo, inflagem no Parque e o mar de cores, encantando coração e olhos de todos, carreatas e espetáculos. Sem contar o carinho do piloto Fernando Hening inflando o balão dentro da escola, SHOW!
E AGORA 2010 – 15 ANOS
Após o evento em Santa Maria, a expectativa do “nosso” evento, que esta espalhado com propagandas por diversas partes do RS. 22º… Novamente a incógnita. O que farei, como será, quem vem, o que posso fazer? Independente, o coração dispara… O sorriso aumenta, e os olhos ficam encantados.
Vou incomodar algum piloto pra ir na escola conversar com minhas alunas, com certeza. Estarei no parque também com certeza. Irei rever uma pessoa muito querida, aquela que me iniciou no balonismo, que vai trazer seu special shape. Carreatas, Night Glow, emoção e lágrimas de fascínio. E o restante? Nem eu sei, pra quem pensa que tenho acesso garantido depois de tantos anos, que consigo voos, credenciais ou que tenho privilégios, ledo engano… É como se fosse começar tudo de novo, cada vez, com muita luta pra estar no meio do que eu realmente mais AMO: fazer balonismo! Mesmo assim, falar de balonismo é brilho no olho é dizer do meu prazer, assim como da cidade, em receber estes 49 pilotos e seus balões, os convidados e suas equipes pra novamente colorir o nosso céu e registrar ao planeta o maravilhoso mundo deste esporte de aventura. Obrigada a todos participantes de 2010, com certeza será maravilhoso, porque vocês estarão aqui! 
Bons Ventos!!!

5 COMENTÁRIOS

  1. essa Carla me mata com essa historiaas, meu coração doi,meus olhos enchem de lagrimaas…fico tda arrepiada, meeu Deeus como podemos amar tanto… 😉

  2. É realmente emocionante o balonismo.. Passei por coisas bem parecidas como a história da Carla até conseguir voar pela primeira vez e é demais, é bem aquele sonho de infância e depois que voa a 1ª vez da vontade de voar mais e mais sempreee. Pena que seja tão difici!!,,

  3. È… este bicho do balonismo pega a gente, pega fundo na alma e no corpo todo, a gente arrepia do dedão do pé até o ultimo fio de cabelo só de ouvir os maçaricos cantando imagina voando… entendo bem a Carlinha beijos Mulher

  4. Maravilhosa essa história, Carla é uma pessoa encantadora, e olha que eu não a conheço pessoalmente, mas pelo que conversei com ela, tenho certeza que ama mesmo o balonismo e conquista tudo o que deseja. Parabéns Lasier por esse espaço que temos para poder contar nossas histórias e dividir com as pessoas que tbem amam o Balonismo. Bons ventos, abraços

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