Túnel do tempo: Em 1981, balões coloriram os céus de Santa Cruz

2004

O ano, 1981. O cenário, estádio municipal “Leônidas Camarinha” em Santa Cruz do Rio Pardo. A data, sábado, 3 de maio, inusitada para comemorar o aniversário do município. Mas foi uma das maiores festas alusivas à emancipação político-administrativa, promovida pelo então prefeito Aniceto Gonçalves — morto em maio de 2004.

Nove balões multicoloridos do Comendador Victorio Truffi, um dos precursores do balonismo no Brasil, subiram aos céus de Santa Cruz do Rio Pardo, num evento inédito para a época.

E talvez inédito até hoje, pois foi a primeira vez que balões levaram asas-delta e pára-quedistas, que pularam a centenas de metros para pousar, horas depois, no campo do “Leônidas Camarinha”.
Os balões — que não eram dirigíveis — pousaram na zona rural do município, sendo recolhidos por veículos da prefeitura.
O fato ganhou destaque na imprensa nacional. O “Fantástico”, da Rede Globo, destacou seu melhor repórter — Hermano Henning — para cobrir a façanha. Dezenas de jornalistas da grande imprensa estiveram em Santa Cruz naquele dia. Um leitor do DEBATE ainda guarda, até hoje, um exemplar da revista “Manchete” — do grupo Bloch, que fechou as portas há vários anos —, um dos símbolos da imprensa ilustrada naquela época.

A Manchete destacou nada menos que 7 páginas da edição de 23 de maio de 1981 à grande festa promovida em Santa Cruz do Rio Pardo. A festividade, aliás, teve outras atrações — como manobras radicais de veículos e shows musicais —, mas nenhuma delas teve o glamour dos balões do comendador Truffi.

A curiosidade foi a data de aniversário da cidade, 3 de maio. É que no ano anterior, o então prefeito Aniceto Gonçalves sancionou lei aprovada pela Câmara, mudando a data de comemoração do aniversário de Santa Cruz, de 20 de janeiro para 3 de maio. A justificativa tinha bons argumentos: em janeiro, as escolas estão em recesso, muitas famílias estão viajando e há dificuldades para a promoção de um evento grandioso. A nova data persistiria somente até o ano seguinte, pois em 1983, através de projeto do então vereador Israel Benedito de Oliveira, 20 de janeiro voltou a figurar como data oficial da emancipação.
Houve pressões até da Igreja para manter a tradição.No estádio “Leônidas Camarinha”, balões multicoloridos perfilam antes do vôo
“Façanha” — A revista Manchete que noticiou o evento em Santa Cruz do Rio Pardo não poupou elogios ao show dos balões. A edição de 23 de maio de 1981 descreve, sob o título “um incrível festival nas alturas”, o que chamou de “inédito festival de balões”, pelo fato de três balões carregarem asas-deltas. “Cada um desses, a 5 mil metros de altura, largou sua carga — que chegou ilesa ao solo, como se fosse uma operação banal”, diz trecho da reportagem.

Em estilo romanceado, o texto chama o Comendador Truffi de “rei do balão no Brasil”. “Os balões multicores subiram na hora certa e, lá de cima, em perfeita coordenação, começaram a largar sua estranha carga. Vieram deslizando três asas-deltas e, de quebra, outros tantos pára-quedistas. Os balões continuaram à deriva, majestosos, descendo e sendo resgatados nos pontos de pouso que haviam sido anteriormente determinados.

As asas planaram em círculos e pousaram próximas à platéia, sob salvas. Os pára-quedistas saltaram dos balões e, com precisão matemática, desceramPopulares ajudam na montagem de balões nos círculos demarcados”. E conclui: “Não houve ganhadores, nem acidentes ou perdedores, apenas um show inédito e deslumbrante para quem ficou lá embaixo, de olhos admirados para o alto”.
A Manchete conta, ainda, que uma das asas-delta pousou no estádio “Leônidas Camarinha”, mas uma outra só parou uma propriedade rural, longe da cidade, “o que fez o dono da casa homenageá-lo com um grande almoço”. Quanto aos balões, flutuaram sobre casas e plantações, “fazendo a criançada vibrar”. Num deles estava o diretor do DEBATE, Sérgio Fleury Moraes, que lembra do passeio como uma “viagem inesquecível”.

“Assim Santa Cruz do Rio Pardo comemorou, entusiasmada, seus 111 anos no céu”, conclui a reportagem da Manchete, que não trouxe o nome do autor. As fotos para a revista foram feitas pelo fotógrafo Vic Parisi.

Bons Ventos!!

UOL

16/08/2009

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