Matéria publicada no Inema, em quatro de abril de 2001.
O primeiro Festival de Balonismo de Torres ocorreu em outubro de 1989. Quem estava lá, não esquece. Hoje o Festival se firma como o maior da América Latina.
O criador da idéia foi o administrador de empresas e piloto de balão Fernando Hennig, de Porto Alegre. Dos quinze pilotos convidados para a primeira edição, vieram a Torres apenas dez, dos cerca de 20 pilotos que existiam na época no país. Apesar das complicações para pôr em prática o evento, o Festival acabou saindo e continua até hoje.
Fernando conta que nem tinha expectativas para o evento. “Tudo era novo e a gente não sabia como ia ser a atração. Nós resolvemos pagar pra ver”, diz. A única certeza era de que seria algo muito interessante. Primeiro, por ser uma novidade. Segundo, porque balão sempre é algo bonito – “Não tem evento de balonismo que não chame a atenção”, afirma Fernando. E terceiro, porque Torres é uma praia muito bonita, uma cidade que agrada a muita gente. “Se daria certo ou não, só vendo”.
Ver o festival se realizar deixou Fernando muito feliz: “É como ver um filho crecer”, diz ele. Mas poucos sabem como foi complicado fazer a primeira edição do evento. Fernando conta que, um mês antes da data do festival, a Kodak, empresa que estava patrocinando o evento, resolveu mudar as regras. “Ia ocorrer a Oktoberfest em Blumenau, que eles também iam patrocinar”, diz. “Eles tinham um balão Zeppelin e, na época, o Zepplin era uma coisa bem nova, então a empresa queria chamar a atenção para o balão”.
Acontece que a Kodak havia se comprometido em levar o Zeppelin para Blumenau e sugeriu transferir a data de Torres para não coincidir com a Oktoberfest de Blumenau. Como a cidade já tinha investido em publicidade e tudo voltado para aquela dia, não tinha como mudar a data, então a empresa ameaçou não patrocinar mais o evento. Na ocasião, Fernando representava uma grande empresa e conseguiu acalmar o pessoal. “Eu disse que o evento sairia de qualquer maneira, com Kodak ou sem Kodak, e falei que não se procupassem pois aquele custo a gente bancaria.” Quando eles avisaram a Kodak que o evento sairia com ou sem ela, a empresa prontamente recuou e o evento saiu.
E o primeiro festival, embora sob mau tempo – o festival começou na quinta-feira, mas eles só conseguiram voar no sábado à tarde e no domingo – foi excelente. O pessoal comentou direto e o próprio mercado de balonismo melhorou. “Quando se falava em balão, as pessoas perguntavam: ‘Que balão?’ e quando a gente respondia ‘O balão de Torres’, todos sabiam”, diz Fernando. Foi um sucesso.
Outro fato divertido que ocorreu na ocasião foi com o Festival da Banana, que a cidade estava organizando. A cidade queria que o Balonismo fosse em outubro porque ia ter o Festival da Banana, então o Balonismo seria um evento que ocorreria antes para chamar a atenção para o Festival da Banana. Mas Fernando se opôs: “Eu disse ‘Olha, é bobagem, são dois eventos distintos. Vamos fazer um e depois fazem o outro, para quê misturar dois?’, mas eles disseram “É que o Festival da Banana é muito importante para nós’. “. Aconteceu que o Festival de Balonismo encheu os olhos de todo mundo, e o Festival da Banana aconteceu naquele ano, aconteceu no segundo ano… e depois já não aconteceu mais. E o Festival de Balonismo continua até hoje, em sua 13ª edição.