Sem medo de voar 
Joacir Cury
Da Gazeta de Piracicaba
joacir@gazetadepiracicaba.com.br
Você recebe um convite para um voo de balão e logo vem um friozinho na barriga e a sensação de medo. Será que é seguro ficar dependurado naquela cesta? Será que balança? Talvez seja uma impressão geral, mesmo sendo raros os casos de acidentes em balonismo. Na verdade, não há quem não aprecie os coloridos balões no ar. E não há cachorro que não dê um show de latidos quando eles sobrevoam as casas.
Topei o vôo. Ainda estava escuro por volta das 6 horas da manhã de sábado, dia 15, no Parque da Rua do Porto “João Herrmann Neto”, quando o equipamento começou a ser montado. O ritmo é alucinante, ninguém fica parado. Os passageiros – oito no total – curiosos observavam e fotografavam o balão ser inflado pouco a pouco e ganhar os seus 32 metros de altura, o equivalente a um prédio de sete andares.
O piloto Cid Ferraz de Barros Filho, o ‘Bola’, da empresa “O vento levou”, vai controlando a entrada do ar e do gás propano, que vão garantir o voo. Os números impressionam: 5 metros cúbicos de ar formam a grande bolha. O check-in é rápido, confirmação dos nomes dos viajantes e o peso! Tudo certo, 7 horas, o sol já esquenta um pouco o dia e todos estão embarcados. Nove no total.
“Vamos nessa!”. Eram exatamente às 7h05 quando Bola, no cubículo central da grande cesta, anuncia a partida. A chama de gás propano invade o interior do balão provocando uma onda de calor e um clarão. O voo começa. Todos tensos, mas quase que não se percebe que o balão vai ganhando altura, tamanha é a suavidade do voo. O medo desaparece por completo. Não há balanço algum.
Os passageiros ficam curiosos quando o piloto Bola faz contato com a equipe de resgate para avisar sobre a passagem de um avião. Logo avistamos mais dois balões nos acompanhando e as sessões de foto começam. As árvores, os prédios, o rio Piracicaba e as plantações de cana viram miniaturas. Do alto – cerca de 800 pés, o equivalente a 266 metros de altura – tudo parece bem arrumadinho no chão.
Às 7h24, o instrumento de voo acusava a velocidade de 23 km/h e a corrente de vento fazia a nossa rota, empurrando o balão para os lados dos bairros Pau D’alhinho e Nova Suíça. “Cheguei a voar a 80km por hora”, contou Bola, que logo avisou que estávamos a 865 pés. “Não há perigo, o balão é o meio de transporte mais seguro do mundo”, garantiu. Com vários anos de experiência, o piloto descontraiu os passageiros ao revelar que em pleno vôo turístico um jovem pediu a mão da namorada em casamento. “Se ela não aceitasse não sei como seria o desfecho”, brincou.
O POUSO. Quando todos pegaram gosto pelo voo, a triste notícia: “vamos pousar, segurem na alça do balão e freccionem os joelhos”. Eram 7h40, o impacto no solo foi leve, não assustou ninguém. Anna Luisa, 12 anos, acompanhada pela mãe Ana Amélia, logo pega o celular e fala com o pai da aventura. “Foi muito gostoso, sempre tive vontade de voar de balão”, disse. As duas e os irmãos Vitor e Débora Barbeiro, que estavam no voo, foram contemplados em promoção do Shopping Piracicaba. “Meu pai acompanhou de carro, com a equipe de resgate, foi muito legal”, afirmou Vitor.
Mas, a viagem não acabou. Cercado pelo canavial, no bairro Pau D’alhinho, o balão ficou inflado para facilitar a visualização da equipe de resgate. Os contatos por rádio foram frequentes, mas o tempo foi passando e nada de socorro. A ajuda veio com um sitiante – Jaime Calderan -, que avistou o balão e veio conferir se tudo estava em ordem. Morador na região, ele passou as instruções pelo rádio e foi aguardar a equipe de terra em um cruzamento do canavial.
Às 8h10, as buzinas anunciaram a localização do balão e todos respiraram aliviados, ainda comentando o sucesso e a delícia do passeio. “Nunca respirei uma brisa tão pura na minha vida, sem a poluição dos carros e das indústrias. Sentir o vento suave cortando o rosto foi uma sensação de paz que nunca mais vou esquecer”.
Bons Ventos!!!

Gazeta de Piracicaba

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